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A RRI nas organizações de pesquisa: Notas sobre o Workshop do projeto RRI Practice em Berlim

Ocorreu nos dias 20-21 de setembro de 2017 o Workshop “The Practice of Responsible Research and Innovation: A Global Organisational Perspective” em Berlim, na Alemanha. O workshop, organizado pela equipe alemã do projeto (do Karlsruhe Institute of Technology), foi hospedado pela Helmholtz Association, uma das maiores instituições de pesquisa da Alemanha. O evento reuniu representantes de todos os 12 países envolvidos no projeto RRI Practice, mais os parceiros associados da Rússia e do Japão. Instituições de grande relevância mundial estiveram representadas, como a National Science Foundation dos EUA, o Engineering and Physical Sciences Research Council do Reino Unido, o Commissariat à l'énergie atomique et aux énergies alternatives da França e a National Natural Science Foundation da China. Do Brasil foram os Profs. Sergio Queiroz, representando a FAPESP; e o Prof. Munir Skaf, atual Pró-reitor de pesquisa da UNICAMP representando a universidade.

Foto dos participantes da sede da Helmholtz Association, Berlim.

O workshop foi uma oportunidade não somente de compartilhar percepções e práticas das diversas instituições em torno da RRI – Pesquisa e Inovação Responsável, mas serviu para troca de experiência e aprendizado em torno de como os elementos da RRI são percebidos e praticados ao redor do planeta. Ainda que poucos países tenham implementado políticas com o rótulo explícito da RRI (apenas a Noruega e o Reino Unido usam esse termo), muitas organizações ressaltaram que diversas práticas corriqueiras das suas organizações caberiam dentro do espírito da RRI de buscar tornar a C&T mais responsiva, reflexiva, inclusiva e antecipatória, mais aberta às demandas sociais e mais socialmente responsável.

Prof. Sergio Queiroz na reunião do Advisory Board do projeto RRI Practice

A FAPESP, por exemplo, trouxe o relato das suas diversas ações no campo da ética (código de boas práticas e respeito à vida); do acesso aberto, com o apoio ao Scielo, uma base exemplar no mundo todo; os programas como BIOTA, BIOEN e PIPE, que ampliam o engajamento da FAPESP com a sociedade e buscam fomentar a inovação; ressaltou as diversas ações de divulgação da C&T apoiadas pela FAPESP, como a Revista Pesquisa FAPESP; e explicitou o aumento de bolsas concedidas a pesquisadoras mulheres. A FAPESP acredita que ações como acesso aberto ampliam a visibilidade da pesquisa paulista, sendo assim de grande importância. O Prof. Queiroz comentou ainda a necessidade de entender que organizações não mudam de forma brusca, o que é importante para ser levando em conta no contexto de projetos como RRI Practice, que visam impactar organizações.

Prof. Munir Skaf apresentando a visão da UNICAMP sobre a RRI.

O Prof. Munir Skaf, Pró-reitor de Pesquisa da UNICAMP, também apresentou a visão da universidade sobre os elementos da RRI. A Unicamp tem diversas iniciativas em publicações de acesso aberto como o Repositório da Produção Cientifica e Intelectual a Biblioteca Digital Zika. Destacou também a recente aprovação de cotas raciais no tema de diversidade e engajamento social, que colocam a visão da UNICAMP em um plano até mais inclusivo que o proposto dentro dos marcos Europeus. Na comunicação da ciência, a Unicamp inclui programas de engajamento e divulgação com a comunidade dentro e fora da universidade, e destaca em particular o centro Labjor e seu trabalho prático e de pesquisa em jornalismo científico. O Prof. Munir ressaltou a relevância de pesquisas que engajam a indústria e o setor privado, com programas internacionalmente inovadores como o centro Structural Genomics Consortium, que trabalha no modelo de ‘ciência aberta’ para acelerar a criação de conhecimento e o desenvolvimento de resultados práticos em conjunto com a indústria farmacêutica.

A participação brasileira no Workshop de Berlim ajudou a reforçar a ideia de que organizações não adotarão conceitos como a RRI sem uma clara definição do tipo de retorno que isso poderia trazer a elas, seja em termos de recursos (como bem ressaltou uma participante australiana), seja em termos de visibilidade para a ciência. No contexto brasileiro, a recente crise de financiamento do sistema público de pesquisa (fortemente centrado nas universidades) pode ser um catalisador para diálogos mais focados em repensar a relação desse sistema com a sociedade que o financia. Um dos retornos que a RRI pode trazer, seja na sua forma europeia, seja pelos princípios que coloca, é exatamente auxiliar a construir melhores pontes entre esses sistemas e os públicos que o financiam e que, como fica claro em pesquisa recente, nem sempre o conhecem. Há, portanto, uma necessidade urgente de enfrentar essa discussão, para além da busca (necessária) de mais recursos públicos, mas repensando a atual relação entre a pesquisa e a sociedade.

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